ISSN 1983-3644
Volume 13, número 26
A privatização vai à praia: Considerações sobre a expansão da lógica de produção exclusivista do turismo no litoral sul fluminense

Resorts, complexos turísticos e residenciais, condomínios privativos, além de praias e ilhas privadas, fazem parte do cenário das cidades da Costa Verde, região turística do litoral sul fluminense. A construção dos chamados paraísos turísticos valoriza não somente a beleza das paisagens, como também um modelo de organização espacial que reduz a dimensão pública dele. Considerando a metropolização como um transbordamento das práticas espaciais e valores culturais típicos da metrópole para o conjunto da sociedade, podemos considerar a valorização das áreas turísticas de acesso restrito uma vertente desse processo, que replica em espaços diversos o modelo privatista da cidade contemporânea. Por mais que o discurso associado à promoção do turismo seja o de “fuga da realidade” exaustiva do cotidiano das cidades, na prática o que ocorre é um modelo de organização espacial que replica, nas áreas turísticas, os modelos metropolitanos baseados no enclausuramento das pessoas, seja em sua residência, nos condomínios murados e vigiados, seja nos condomínios de segunda residência, resorts e complexos turísticos. No caso específico das praias e áreas insulares, o processo de privatização é grave por se tratar de espaços públicos por excelência, garantidos por legislação nacional. Os interesses dos grandes grupos imobiliários promoveram, na Costa Verde Fluminense, um modelo de organização turística que condiciona o acesso a espaços públicos de lazer, como as praias e ilhas ao fator renda. Por mais que o discurso oficial geralmente aponte para os supostos benefícios dos grandes empreendimentos imobiliários e turísticos, há no cotidiano desses lugares movimentos de resistência que lutam pela consolidação e manutenção das praias como espaços públicos de acesso irrestrito.

Palavras-chave: Turismo, Privatização, Praias, Metropolização do espaço, Urbanização turística, Litoral Sul Fluminense.

Resorts, tourist and residential complexes, private condo-miniums, in addition to beaches and private islands, are part of the scenery of the cities of the Costa Verde, a tourist region on the south coast of the state of Rio de Janeiro. The construction of these so-called tourist paradises values not only the beauty of the landscapes, but also a model of spatial organization that reduces its public dimension. If we consider metropolization as an overflow of the spatial practices and cultural values typical of the metropolis to society as a whole, then we can consider the increased appreciation of tourist areas with restricted access as an aspect of this process, replicating the privatistic model of the contemporary city in other spaces. Despite the discourse that associates the promotion of tourism with an "escape from the reality" of the exhaustive daily life of cities, in practice a spatial organization model is replicated in the tourist areas mirroring the metropolitan models based on the enclosure of people, whether it is in their residences, in walled and guarded condominiums, or in second residence condominiums, resorts and tourist complexes. In the specific case of beaches and island areas, the privatization process is serious because these are public spaces par excellence, guaranteed by national legislation. The interests of large real estate groups have promoted a tourism organization model in the Costa Verde of the state of Rio de Janeiro that conditions access to public leisure spaces, such as beaches and islands, to the factor income. As much as the official discourse generally points to the supposed benefits of large real estate and tourism ventures, the daily life of these places still has movements of resistance that struggle for the consolidation and maintenance of beaches as public spaces with unrestricted access.

Keywords: Tourism. Privatization. Beaches. Metropolization of Space. Toursim Urbanization. South Coast of Rio de Janeiro.
Publicada em: 24/03/2021 às13:55 Volume 13, número 26

Outras matérias:
anterior < Apresentação » ... próxima > Repensando a política de acolhimento para refugiados: O exemplo da resposta do estado brasileiro ao deslocamento de venezuelanos » ...
ImprimirVoltar
Imagem do brasão da PUC-Rio Imagem do selo Acrobat Reader Powered by Publique!