ISSN 1983-3644
Volume 6, número 10
TURISMO ÉTNICO QUILOMBOLA: EQUILI-BRANDO-SE ENTRE “MODERNIDADE” E “TRADIÇÃO”

Com base em pesquisa etnográfica realizada no Cambury, uma pequena vila rural situada dentro de uma unidade de conservação da natureza (UC), em Ubatuba, São Paulo (Brasil), este artigo ilustra algumas vantagens e desvanta-gens associadas ao uso da identidade étnica quilombola tanto como uma arma legítima para a busca dos direitos humanos e constitucionais e como uma estratégia de de-senvolvimento utilitarista. Novos e renovados usos da ‘negritude urbana’ e da identidade quilombola rural, com-binando elementos de tradição e modernidade, estão sur-gindo na medida em que demandas mercadológicas de turismo étnico em ‘territórios tradicionais’ e em UCs con-tinuam a crescer. Em função desta nova geografia, argu-menta-se que, apesar das melhorias inegáveis na autoesti-ma dos quilombolas, da melhoria de renda e do acesso à propriedade da terra, em comparação com indivíduos que não se identificam como quilombolas, a utilização dessa identidade étnica híbrida, especialmente no contexto da conservação da natureza, pode produzir con-sequências positivas e negativas para essas pessoas a longo prazo, assim como sinergias e/ou retrocessos na compatibilização da con-servação da natureza e do desenvolvimento humano. Nesse sentido, políticas multicultu-rais, ambientais e de combate à pobreza pre-cisam ser formuladas conjuntamente consi-derando-se essas dinâmicas.
Palavras-chave: Quilombolas, Unidades de Conservação da Natureza, Políticas Multicul-turais.

Based on the ethnography of Cambury, a small rural vil-lage situated within a nature-protected area in Ubatuba, São Paulo (Brazil), this article illustrates some tradeoffs associated with the use of the quilombola ethnic identity as both a legitimate weapon to pursuit human and consti-tution rights and a utilitarian development strategy. New and reinvented performances of blackness and quilombola identity combining elements of tradition and modernity are emerging, as demands for ethnic tourism in ‘tradition-al territories’ and nature-protected areas continue to ex-pand. It is argued that despite undeniable improvements in the quilombolas’ self-esteem, income, and land owner-ship compared to individuals who did not self-ascribe as quilombolas (i.e. caiçaras), the application of this ethnic identity, specially within the context of nature conserva-tion, can produce adverse consequences in the long-term as well as unknown tradeoffs between conservation and development. Multicultural, environmental and develop-ment policies need to be formulated in conjustion in light of these complex dynamics.
Keywords: Quilombolas, Nature-Protected Areas, Multi-cultural Policies.
Publicada em: 01/07/2014 às09:30 Volume 6, número 10

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